fonte: Nippon-Kichi
Originado do misu (御簾 / みす), o sudare era considerado item de luxo, originalmente feito com varas de bambus polidos e interlaçados com fios de seda. Conhecido como a persiana japonesa, a primeira menção de uso do sudare foi mencionado no livro Kagerō Nikki (蜻蛉日記), obra de literatura clássica escrita por volta do ano 974, significando o uso de longa data nas residências aristocratas japonesas.
imagem extraído do livro Kagerō Nikki / fonte: Wikipedia
A diferença entre o sudare e o misu era que o último era utilizada somente no Palácio Imperial durante o período Heian (794 - 1192) e em santuários. O acabamento do misu era mais elaborado pois era feito com varas de bambus frescos, retendo a cor verde, e decorado com bordas de brocados com enfeites de borlas de seda vermelha. A palavra misu significa "cortina sagrada", e o propósito dele era para impedir a visão interna das estruturas pelo o público geral, assim, mantendo a sacralidade ou dignidade das mesmas.
misu utilizado em Palácio Imperial / fonte: Wikipedia
A utilização do sudare foi popularizado para o público em geral somente nos últimos três séculos. Estes novos sudares eram feitos com varas de juncos e interlaçados com fios comuns, tornando o produto acessível às residências japonesas.
Devido à sua estrutura e dos vãos entre as varas, ele permite que a brisa circule para dentro das residências e ao mesmo tempo protegendo-as de raio solar, chuvas e insetos, algo bastante útil nos verões húmidos e calorentos do Japão.
Com o avanço da tecnologia, os sudares teve o seu uso em declínio nas residências japonesas e é considerado como artesanato tradicional nos dias de hoje. Porém, ele é continualmente exportado para países afora por conta da sua versatilidade e praticalidade.
Um estudo feito pelo um arquiteto indonésio, Agus Hariyadi, aplicou o príncipio do sudare à arquitetura paramétrica aplicada em fachadas em construções civis. Com a localização da Indonésia na linha equatorial, o país sofre calor e humidade intenso o ano todo, sendo o uso de ar-condicionados indispensável em ambientes internos, especialmente em prédios comerciais. Nisso, eleva-se o consumo de energia no país, algo que seria insustentável ao longo termo. Para resolver este problema o governo implementou um novo padrão na construção civil. Nele, os prédios novos terão que reduzir o coeficente de transmissão termal para 35 watts/m².
Em países tropicais como a Indonésia (e o Brasil, também) soluções como ventilação e insolação natural é bastante aplicado em construção civil. E nisso, o arquiteto simulou, com programas de parametria como Rhinoceros 3D e Grasshopper, o coefiente de transmissão termal dos prédios utilizando as estruturas de sudare em fachadas, modificando os diâmetros de varas e os espaçamentos entre elas para alcançar o melhor resultado. Ele concluiu que a utilização da estrutura de sudare alcançou uma redução em 5% na coeficiência de transmissão termal e 6% em redução de uso de energia térmica.
É interessante poder descobrir que técnicas milenares como a fabricação de sudare podem ser reaplicadas em soluções cotidianas nos dias de hoje através de novas tecnologias. Isso permite que técnicas e tradições evoluam continuamente, levando as suas histórias para gerações futuras; uma forma de preservação da herança cultural.
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